domingo, 4 de agosto de 2013

O Seu "Bonito" Pode Ser O "Feio" Do Outro


A primeira coisa que eu reparo num homem? A aparência. E não me venha dizer que você faz diferente, porque eu sei que não faz – ou melhor, é improvável que você faça. O discurso da beleza interior é, de fato, muito bonito. Um mundo onde a despeitada seja tão valorizada quanto a peituda, onde a magrelinha seja tão valorizada quanto a gostosa, onde a nerd tímida seja tão valorizada quanto a popular é realmente ideal. 
É claro que toda simpatia tem o seu valor – afinal, poucas coisas na vida são tão gostosas quanto ser retribuído ao dar um sorriso, nem que seja a um estranho. Mas dizer que a primeira coisa que você nota em alguém é a simpatia ou qualquer outro atributo que não seja físico é, no mínimo, passível de desconfiança. Infelizmente – ou felizmente– nosso contato primordial com o mundo é visual. Você olha as vitrines do shopping para então decidir o que vai comprar. 
Vinícius de Morais, certa vez, pediu desculpa às feias, alegando que beleza é fundamental. Você o chamou de fútil. De preconceituoso. De injusto. Mas o injusto foi você, que cometeu a maior injustiça do mundo ao se esquecer do detalhe mais importante dessa história toda: beleza é relativa. Sua picanha pode ser Friboi, mas sempre vai ter quem pira mesmo num coxão mole. Seu tanquinho pode ser, assim, uma Brastemp, mas sempre vai ter quem prefere se perder num tanque de cimento batido. Sem contar que beleza é apenas o chamariz – Você pode ser a menina mais linda da América Latina, mas se perder 80% do seu tempo com futilidades, pode se tornar menos interessante do que poderia ser.
Por isso, invista na beleza interior, mas jamais deixe de reconhecer o valor da sua beleza exterior. Dos seus olhos azuis. Ou dos seus olhos castanhos. Da sua boca carnuda. Ou dos seus lábios fininhos. Do seu nariz de boneca. Ou do seu nariz de batata. Do seu cabelo liso e louro. Ou dos seus cachos morenos. Da sua cinturinha. Ou da sua barriguinha. Afinal, beleza é relativa. E vovó sempre dizia sabiamente, nos meus momentos de crise, que tem gosto para tudo. Se até jiló tem saída no mercado, quem sou eu para não achar um sapato velho pro meu pé descalço?

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